Orfãos Primordiais
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Mensagem  Mandhros Seg Ago 27, 2012 3:42 pm

O cheiro inconfundível do fumo dos Ferlix de Minas Khan encheu o ar depois de um longo e descansado sopro do bardo. O cachimbo lhe pendia à boca, suave, e o aroma agridoce lentamente emergia dali, acompanhando uma fumaça delgada e clara, bruxuleante.

- Então você quer saber sobre o início de tudo, criança?

A voz do contador de histórias era límpida, tão agradável quanto o cheiro do fumo, tão envolvente quanto a fumaça que deixava o cachimbo, em sua boca. Um chapéu lhe cobria parcialmente os olhos, que pareciam pequenas pérolas escondidas sob a escuridão. Suas roupas surradas de tantas viagens contrastavam com perfeição com a harpa dourada, dourada e linda.

Um aceno de cabeça entusiasmado respondeu ao andarilho de forma positiva. Havia ali um par de ouvidos ávido por uma boa história.

Tudo começou há muito tempo...

Antes de os dias serem dias, e de existirem as noites, existia apenas O Primórdio. Energia sem corpo, vontade sem forma, era Ele o senhor do nada que havia, detentor do poder sobre a ainda-não-vida e sobre-o-que-seria-morte.

E foi assim por tanto tempo que nem Yaba sabe contar.

Um dia O Primórdio se ressentiu de sua solidão. Em sua consciência infinita, percebeu que não podia ser só, que isso começava a entediá-Lo e entristecê-Lo. Mas como podia deixar de ser um, se Ele era todas as coisas?

Essa foi a primeira grande revolução do Primórdio. Ele pensou na forma, tanto quanto o pensamento era possível, ainda naquela época. E, depois de muito pensar, entendeu que se ele encapsulasse parte de si e lhe soprasse parte de sua essência, surgiria algo novo, diferente de si.

Assim, como podia tudo e nada temia, pois ainda não tinha criado o medo, o Primórdio passou eras desenhando e redesenhando a forma. Por mais que caprichasse, ela nunca atendia aos Seus desejos tanto quanto Ele desejava.

Criar, descriar, criar outra vez, apenas para descriar e recomeçar o ciclo. Talvez, sem perceber, talvez percebendo tudo, foi o Ciclo o responsável pelo nascimento dos dois primeiros Filhos do Primórdio.

De um lado, vinha a ordem do Ciclo, os procedimentos repetidos, metódicos, ordenados. Ele era a moldura daquilo que se criava, a forma que o Primórdio tanto desejava. Ele era a Lei, a Ordem. Chamou a si mesmo Petrus.

Mas havia também o descriar, o criar novamente, desmanchar a forma para dar nova forma. O Primórdio podia desejar algo, mas também não tinha decisão – porque Petrus ainda não havia cunhado a decisão – e lançou a idéia da Mudança.

Tão indecisa que não conseguia ter uma face só, nascia Crisalis, senhora do caos.
Por muito, muito tempo, a dança dos três – Essência, Ordem e Caos – moldou o universo. A criação se expandia a cada minuto, tomando cada vez mais espaço daquilo que outrora era apenas O Primórdio. E Ele estava feliz, pois via tudo o que passava a existir prosperar.

Petrus e Crisalis trabalhavam muito, o primeiro criando as regras, a segunda pervertendo cada uma delas. E da dança de Ordem e Caos saía a trança que segurava as teias da essência do Primórdio.

Um dia, contudo, Crisalis foi ter com seu “Pai”. Com voz doce, disse-lhe que, se a criação continuasse a avançar, um dia não mais existiria o Primórdio, pois toda a sua essência seria aprisionada por Petrus, e modificada pelo Caos.

Mais uma vez dando forma ao pensamento, o Primórdio entendeu o subterfúgio de sua “Filha”. Ela desejava mais uma ferramenta para poder espalhar o caos, desequilibrando as forças e assumindo proeminência na dança com Petrus.

O Primórdio era todo sabedoria e inteligência, coisa que Petrus e Crisalis ainda não eram. Pensou, então, em uma maneira de manter a dança equilibrada, sem que tivesse sua essência infinita plenamente consumida.

Na segunda grande revolução do Primórdio, a Essência deixou seus fios e se refugiou em seu refúgio mais distante e sombrio. Sumiu por eras, enquanto Crisalis e Petrus continuavam tecendo o mundo com as Teias da Essência. Quando retornou, o Primórdio não estava sozinho. Trouxe uma nuvem cinzenta consigo, que rapidamente desceu sobre a criação e devorou-lhe parte, como um câncer.

Crisalis e Petrus reclamaram e gritaram, enquanto Mandhros consumia sua parte de tudo, e criava seu Reino. Os dois primogênitos choraram, e de suas lágrimas nascia Ackuous. Quando os brados dos primeiros deuses terminaram, a dança prosseguiu: Petrus e Crisalis fiavam a realidade, Mandhros destruía os excessos e devolvia a essência aos dois, para que fiassem tudo outra vez.

O Primórdio observava, fascinado, como apenas parte de si poderia dar origem a algo tão maravilhoso, enquanto os três deuses mais velhos trabalhavam. Eventualmente, a Essência participava um pouco mais da criação, conferindo mais e mais energia ao trabalho de seus três filhos.

O quarto filho, contudo, ficava aos pés de seu pai e se lamentava. Uma vez que fora nascido das lágrimas de seus irmãos, não tinha lugar para si na dança da criação. Não tinha, ainda, o poder de seus irmãos mais velhos, tampouco sua sabedoria adquirida nas eras. Como uma criança desejosa de um brinquedo, Ackuous queria um reino para si.

O Primórdio, entendendo o sofrimento de seu filho, deu-lhe uma semente. Era um presente, uma fração de Essência moldada por Petrus e Crisalis, e que tinha o toque de Mandhros. Ordenou que moldasse a semente como bem desejasse, e lhe soprasse vida.

Na terceira revolução do Primórdio, Ackuous moldou a semente em um globo perfeitamente azul, pleno de águas tão salgadas quanto as lágrimas que lhe deram origem. E O Primórdio, desejando guardar para sempre aquele momento, pensou em memória, e de seu pensamento surgiu Yaba, o contador de histórias.
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Mensagem  Mandhros Qui Out 26, 2023 2:23 pm

1. A Gênese Divina
No princípio, havia o Nada. O Nada era escuro e frio. Era quieto. No Nada, nada havia.
Cansado de ser Nada, o Nada desenvolveu Vontade, ainda que Vontade não soubesse que era Vontade. A partir daí, no Nada já não havia apenas nada, pois ali também estava Vontade.
Com Vontade, Desejos passaram a se multiplicar, ainda que não soubessem que eram Desejos. E o primeiro Desejo, a primeira Magia, nascida de uma Vontade surgida a partir do Nada, tomou conciência.
No Nada, agora havia Vontade e Desejos.
Vontade não tinha consciência de si, e o Nada permanecia sendo Nada. Mas o primeiro Desejo, Magia, queria mais de si, e da Vontade.
Do Nada, Magia quis luz e, com uma explosão magnífica, criou o Espaço e o Tempo.
O Espaço se espalhava continuamente pelo Nada, salpícado de fagulhas de luz, que eram estrelas nascentes. Elas estouravam e ardiam, pequenos brilhos quentes espalhando sua influência enquanto o Tempo contava sua história e via as maiores estrelas, impregnadas de Desejo, dragarem tudo para si e explodirem em outras maiores.
A aceleração do Espaço aumentava, e Tempo observava.
Magia ficou maravilhada com o que tinha feito! Como era belo o Espaço, agora não mais frio e estagnado como era o Nada! Estrelas eferveciam, torciam o Espaço ao redor delas e explodiam em outras menores, em um padrão de repetição caótico!
Era lindo!
Magia queria ver! E, assim, imaginou ter olhos, e duas estrelas estouraram, lançando luz ao Espaço e permitindo que Magia visse tudo e soubesse de tudo no infinito!
E, depois de um instante (ou uma eternidade, já que Tempo ainda era jovem e indeciso nessa época), Magia resolver olhar para si. E, em si, Magia viu Nada e Vontade. Magia viu Desejo, mas não viu forma.
Querendo ter forma, Magia pensou e desejou tocar os confins do infinito, e assim surgiram-lhe mãos e dedos!
Também desejou poder estar presente no Espaço mais distante, e assim imaginou pernas e pés!
Maravilhada com a forma recém adquirida, Magia olhou a redor. Havia Espaço e Tempo no Nada. Havia estrelas e luz. E havia Desejos.
Pela primeira vez, Magia se sentiu sozinha. Não era justo que apenas ela pudesse ver aquele Universo nascendo.
E, ao pensar no que seria justo, tocou outro Desejo com suas mãos e dedos. Parte da consciência de Magia se espalhou para o outro Desejo, junto com o pensamento.
O outro Desejo desenvolveu braços e pernas iguais, simétricos, e olhos também.
Magia ficou supresa, e se maravilhou mais uma vez! Como queria poder compartilhar tanta alegria com o outro Desejo!
E assim, da Vontade que habitava em Magia, criou uma boca! E, com ela, as primeiras palavras!
O outro desejo quis entender o que era comunicado, de sua Vontade foram criados os primeiros ouvidos. Criou dois, iguais, como os olhos, para que pudesse ouvir melhor. Mas queria também, responder a Magia, e assim criou a segunda boca.
No primeiro diálogo do Universo, Magia chamou seu irmão de Petrus. Ele era Pedra, Princípio. Já Petrus chamou Magia de Mercius, Magia e Misericórdia.
Mercius, então, passou a vislumbrar a criação, não apenas com olhos, mas com ouvidos e toques. E imaginou cheiros, e desenvolveu narizes!
Já Petrus postou-se ao lado de Tempo, e passou a ordenar e ajustar o caos, criando regras e leis, por eras, como Tempo denominou.
Mas Mercius começou a se sentir sozinho. Petrus não lhe dava atenção, ocupado que estava em sua tarefa. Então o Primeiro Desejo decidiu tocar outro dos Desejos originais. E, ao fazer isso, Mercius imaginou um Amigo.
O novo Desejo passou a se reformar. Trazia consigo uma Vontade única que tornou seu tronco grande e largo. Também tinha braços e pernas, mas eram mais curtos e fortes, já que um amigo era alguém para se ter perto.
Embaixo de suas narinas e bocas, cresceu uma grande barba, quente e acolhedora. Mercius pensou em um nome para chamar o seu Desejo Amigo e, na língua divina que tinha inventado, nomeou-o Inerill, a Vontade Interior, a Vontade do Coração.
Inerill era carinhoso e divertido, mas também ranzinza de vez em quando. Começou a socar e chutar as estrelas que Petrus ordenara com tanta perfeição, só porque gostava do barulho!
Pensando nisso, achou que suas mãos e pé não eram suficientes para realizar seu trabalho com perfeição. Então, Inerill quis ter uma ferramenta, e do Nada criou seu Martelo! Ele batia nas estrelas com o Martelo até que elas soltassem faíscas!
Quando essas faíscas esfriavam, viravam pequenas bolotas de pedra ou gás.
Mercius, ao apreciar a cena, achou aquilo formidável!
Olhos para todas as faíscas criadas até então e procurou a maior e mais bonita delas. Era uma pedrinha ainda em brasa, perto de duas estrelas que, depois da martelada de Inerill, dançavam uma com a outra.
E aquela pequena faísca, aquela pedrinha, intrigou Mercius, de alguma forma. Algo começou a crescer em seu ser por casa dequele mundo tão pequenino.
Mercius o chamou Primórdio, o Primeiro dos Mundos.
Então, pensou no que fazer com ele.
Por muito tempo, ficou matutando. De tão pequeno, o Primórdio não poderia abrir outros Desejos não seria uma casa para eles como era o Espaço no Nada.
Confuso, foi conversar com Petrus, e ouviu que, se Mercius queria criar algo que durasse, deveria fazer com equilíbrio.
Foi então falar com Inerill, que mencionou que os bons resultados tinham que vir com muito esforço e dedicação.
Mercius se afastou dos dois, e foi até onde estavam os outros desejos.
Ele quis muito que o Primórdio pudesse ser habitado por seres como os desejos, mas menores, mais numerosos e felizes.
Com isso em mente, tocou outro Desejo e ele imediatamente desabrochou como uma flor e um sol. Ele não teve dificuldade em tomar forma, mas era diferente de Mercius. Não esperou ser batizado, chamou-se desde logo de Sune.
Levada até o Primórdio, Sune sorriu e soprou a pedra em brasa, fazendo com que ela esfriasse e sobre ela brotasse todo tipo de floresta e bosque! O crescimento era rápido e desordenado, e pequenas criaturas surgiram. Mas Mercius não achava que se pareciam com os Desejos.
Havia lugares, entretanto, que essas criaturinhas primordiais não consguiam alcançar, porque ainda eram muito quentes, cheios de fogo.
Mercius pensou.
Outra vez, foi até os Desejos e, lá, tocou outro deles, desejando que o fogo se detivesse para que o Primórdio pudesse prosperar. Uma bolha de água respondeu ao chamado do Primeiro Desejo, e recebeu o nome de Ackuous.
Chamado ao mundo recém-nascido, Ackuous derramou parte de si nele, reduzindo as chamas a alguns poucos pontos, e cobrindo toda a superfície mais baixa daquele mundo.
Mercius olhava para a pequena criação, mas sentia que ainda escapava algo.
Tocou um dos Desejos com vontade de Aventura, e outro com desejo de Mudança.
Aventura inspirou-se na forma de Mercius, mas tinha um grande chapéu de abas largas e falava de forma engraçada, com ritmo e melodia. Identificou-se como Yaba, o Viajante.
Mudança, por sua vez, não assumiu uma forma, mas muitas! Parecia não se decidir nunca! Na língua primordial, Mercius chamou-a Crisalis, a sempre mutante.
Apresentados ao Primórdio, Yaba cantou a primeira canção, e ventos varreram aquela criação. Embora Yaba não fosse magia, sua música carregava um pouco de magia em si mesma.
Já Crisalis, ainda sem forma, tocou o Primórdio. E nada, nunca mais, seria o mesmo. Os minúsculos seres que viviam no novo mundo passaram a alterar e migrar pelo globo.
Aquela mistura não podia dar certo, todavia. Ela crescia sem parar, e ocupava cada vez mais Espaço, até que Nada restasse.
Mercius ponderou sobre as palavras de Petrus, de que precisava haver equilíbrio.
Com isso em mente, foi até os dois Desejos restantes.
Imaginando uma forma de equilibrar a vida, em uma maneira de libertar a energia, ele pensou em Morte pela primeira vez, e tocou um dos Desejos.
Quando o Desejo tocado com essa intenção assumiu forma, era uma Mortalha, que roubava a luz do Espaço, apagando estrelas para que outras pudessem ocupar seu lugar. Ao seu redor, o Universo esfriava e parava. Ele era uma Sombra com uma grande foice. Não precisou ser nominado. Ele se chamava Mandhros, o fim.
A Sombra foi até o Primórdio sem ser convidada e, para o horror de Mercius, tocou o novo mundo.
Onde antes tudo crescia de forma desordenada, agora algo morria em contrapartida. Mandhros não conseguia, sozinho, contrabalançar toda a criação, que tinha a vontade de vida de Mercius e de Sune, juntas, como combustível.
Então, Magia foi até o último Desejo. Com pesar, pensou em uma maneira de espalhar morte o suficiente para balancear as coisas, e apenas para isso.
O último Desejo se chamava Belliard e não respondeu de imediato. Se transmudou em um bloco de metal com braços e pernas, com chifres e espinhos, com coisas pontiagudas e que machucavam, e flutuou até o Primórdio, tocando-o.
As criaturas começaram a lutar entre si para determinar qual era a mais forte. Matavam e se alimentavam umas das outras na mesma velocidade em que nasciam e cresciam.
O Primórdio, finalmente, estava pronto.

2. O alvorecer das raças
Mercius queria mais.
Sua ideia original, de povoar o Primórdio com pequenas versões de si, começou a se encher em seu íntimo. Consultando a cada um dos outros Desejos, Magia concluiu que seus filhos necessitavam ser fortes e belos como era o universo em seus primeiros dias; precisavam conhecer e amar a justiça; deveriam ser bons amigos entre si; precisavam contar com o desejo de aventura e mudança; e deveriam ser aptos para sobreviver.
Numa primeira tentativa, Mercius criou os primeiros dragões, insculpidos com a imagem das criaturas que antes viviam no Primórdio. Eles eram, todos, fortes e sábios, mas ainda eram poucos e não atendiam ao que Mercius desejava.
Em uma segunda tentativa, Mercius ainda não conseguia se desprender do conceito original.
Ele criou um povo mais numeroso e menos poderoso. Era répteis e ofícios antropomórficos, também fortes e sábios, os Norfss.
Mas ainda não foram feitos à imagem dos Desejos.
Os dragões se retiraram para os locais mais ermos, contemplando a criação e agindo com sabedoria, enquanto os Norfss prosperaram nos lugares mais quentes do Primórdio, criando civilizações inteiras!
Mas não era o suficiente.
Mercius meditou e lançou sobre o mundo uma fração de si, um desejo genuíno de perfeição. Assim foram criados os elfos, que se espalharam e viveram em harmonia com os Norfss, dragões e com o mundo recém criado.
Inerill, então, consultou Mercius. Assim como seu irmão mais velho, ele também queria criar um povo à sua própria imagem, um reflexo de seu próprio Desejo. Mercius jamais negaria o pedido ao amigo.
Assim, Inerill tocou uma montanha e, em seu interior, foram gerados os primeiros anões, fortes e leais.
Yaba, por sua vez, disse que achava que os elfos imortais e os anões do interior da montanha precisavam aprender sobre aventura e canção, sobre passar os conhecimentos de um para o outro. Assim, pediu para criar filhos que vivessem pouco, mas que fossem muito bons em contar as histórias uns dos outros.
Mercius se perguntou por que não, e os primeiros humanos pisaram no primórdio.
Logo depois, Crisalis pensou em lançar filhos na terra também, mas não conseguia se decidir! Ela, aleatoriamente, pegou uma das feras que existia no mundo, um grande gato, e, olhando para os recém criados homens, quis que ficassem parecidos.
Os ferlix, então, foram criados.
Ackuous argumentou que a maior parte do Primórdio era coberta de parte de si, e Mercius permitiu, em reconhecimento, que alguns dos elfos migrassem para o mar e passassem a viver lá.
Por fim, Belliard, o mais jovem, disse que pretendia criar guerreiros poderosos, que pudessem viver nas regiões mais difícieis e vencer todas as adversidades. Por sua vontade e com o consentimento de Mercius, nasceram os Orcs, Ogros, Goblins de Trolls.
Mandhros, por sua vez, não quis criar nada. Ele acreditou que havia muita vida no Primórdio, e se enciumou, acreditando ter um papel menor.

3. A primeira Guerra e a Punição de Belliard
Mandhros era ardiloso. Ao invés de simplesmente se recolher, ele passou a notar que os Desejos se fortaleciam com a prosperidade de suas próprias obras. Logo, se houvesse muita morte no Primórdio, o próprio Mandhros se abasteceria disso.
Com isso em mente, provocou Belliard, dizendo que seus filhos não eram tão fortes, e que não poderiam competir, em pé de igualdade, com qualquer das outras raças. Guerra, furioso e imprudente, através de seu sumo-sacerdote, reuniou seus filhos sob uma única bandeira. Agora eles eram Urgrosh, e despejariam a fúria da guerra sobre o Primórdio.
Como Mandhros tinha calculado, Belliard passou a se alimentar do conflito, pouco importando se seus filhos venciam as batalhas ou não. Isso o colocou em conflito com os outros desejos, uma contenda que nenhum deles, isolado - nem mesmo Mercius - poderia vencer.
Mortalha disse que tinha a solução, mas que para apresentá-la queria poder tocar alguns individuos de cada raça, criando para si um pequeno grupo de mortos-vivos. Sem saída, os Desejos aceitaram.
Morte, então, sugeriu que os outros Desejos se unissem contra Belliard e o esquartejassem, separando seus pedaços e espalhando-os pelo Primórdio. o que foi efetivamente feito.
Belliard perdeu seus status divino e foi esquecido durante muito tempo. O que nenhum dos outros Desejos poderia prever (exceto, talvez, por Mandhros) é que espalhar Belliard pelo Primórdio era o mesmo que espalhar Guerra no mundo. Os conflitos tornaram-se constantes entre todas as raças, que se aliavam e guerreavam umas com as outras. E, em que pese o poder de Belliard estivesse contido, o de Mandhros apenas crescia com cada alma perdida na luta interminável.
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