Grupo Ômega - Cap. 1; O despertar num novo mundo
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Grupo Ômega - Cap. 1; O despertar num novo mundo
O ar seco do deserto assola as narinas do elfo ressuscitado, seus olhos de dragão doem com tanta claridade e o calor fustiga seu corpo coberto pelas pesadas vestes. Alguns minutos se passam até que ele consiga enxergar os sinuosos contornos das dunas, algo terrível tinha acontecido com o mundo, apesar de mal reconhecer a paisagem, o elfo poderia jurar que estava nos arredores de Ür. Seria esse o resultado de ter falhado em sua ultima missão?
O tempo porém não é de reflexão e calma contemplação, era preciso agir, e depressa. Eis então que se manifesta o Ryu-Gan e a visão do deserto desaparece, o ninja agora vê além do próprio tempo, uma coleção de estranhas mascaras... um pequeno goblin sorridente... uma cidade em ruínas e habitantes maltrapilhos.... e então novamente o deserto. Sem saber exatamente para onde vai, ele segue caminho sentindo que é a direção que deve seguir. Sem tempo ou escolha Sëanor vaga pelas terras áridas sem destino, tendo fé que aquele é seu destino, até que tudo que lhe resta é sua visão obscurecida e o ônix da inconsciêcia...
Ao acordar os odores de pó, sujeira e aglomerados de pessoas invadem as suas narinas, sobre sua cabeça, meio teto e o céu estrelado, no pequeno cômodo que se encontra arde uma pequena fogueira e ao redor dela pequenas figuras que o elfo não consegue dizer do que se tratam...
"Ahhh, ele acordou..."
O tempo porém não é de reflexão e calma contemplação, era preciso agir, e depressa. Eis então que se manifesta o Ryu-Gan e a visão do deserto desaparece, o ninja agora vê além do próprio tempo, uma coleção de estranhas mascaras... um pequeno goblin sorridente... uma cidade em ruínas e habitantes maltrapilhos.... e então novamente o deserto. Sem saber exatamente para onde vai, ele segue caminho sentindo que é a direção que deve seguir. Sem tempo ou escolha Sëanor vaga pelas terras áridas sem destino, tendo fé que aquele é seu destino, até que tudo que lhe resta é sua visão obscurecida e o ônix da inconsciêcia...
Ao acordar os odores de pó, sujeira e aglomerados de pessoas invadem as suas narinas, sobre sua cabeça, meio teto e o céu estrelado, no pequeno cômodo que se encontra arde uma pequena fogueira e ao redor dela pequenas figuras que o elfo não consegue dizer do que se tratam...
"Ahhh, ele acordou..."
Drakonis- Lagarto Velho
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Re: Grupo Ômega - Cap. 1; O despertar num novo mundo
Um zunido enche meus ouvidos como água turva em um copo de barro...
Ssssshhhhhiiiiiiiuuuuu...
Pouco a pouco, o som disforme vai ganhando contornos. Passos, murmúrios, coisas batendo, rangendo, caindo e sendo tomadas novamente.
Meu corpo dói... Talvez fosse desidratação. Talvez a longa caminhada na areia quente, ou mesmo a falta de costume com aquele corpo. Quem poderia dizer? Os dedos se flexionam contra uma superfície dura e fria. Suas pontas tocam, nuas, o que quer que estivesse sob meu corpo recém-desperto.
As garras...
Me atrevo a, lentamente, abrir os olhos. A luz da noite os fere. Quanto tempo estivera desacordado?
Miro pequenos pontos cintilantes no céu, parcialmente encobertos pelo que parecia ser um teto tosco, e percebo vultos pequenos caminhando ao meu redor...
Lembravam anões, talvez, pela estatura... Era impossível dizer, levando em conta o fato de estarem todos cobertos, dos pés à cabeça, de trapos. Muito mais baixos que eu, ao menos, eles eram... Seu odor também era indizível... Ao me atrever a puxar o ar com mais vigor, um cheiro de suor e podridão enche minhas narinas. Contenho uma breve ânsia de vômito, levando por instinto uma das mãos à boca. Ela toca a pele do rosto, tão nua quanto os dedos...
Minha máscara!
Todo este tempo meu rosto estava descoberto!
Sento depois de um salto, cobrindo compulsivamente a face com as mãos... Os olhos correm, frenéticos, ao redor, em busca do pedaço de pano que mantinha íntegra minha honra.
"Ahhh, ele acordou..."
Mal ouço aquelas palavras, durante minha busca enérgica. Ainda em um esforço visível para esconder meu rosto, testo minhas cordas vocais contra o ar seco e fétido daquele lugar. O resultado é uma voz rouca, quase gutural.
Onde estou? Quem são vocês?
Ssssshhhhhiiiiiiiuuuuu...
Pouco a pouco, o som disforme vai ganhando contornos. Passos, murmúrios, coisas batendo, rangendo, caindo e sendo tomadas novamente.
Meu corpo dói... Talvez fosse desidratação. Talvez a longa caminhada na areia quente, ou mesmo a falta de costume com aquele corpo. Quem poderia dizer? Os dedos se flexionam contra uma superfície dura e fria. Suas pontas tocam, nuas, o que quer que estivesse sob meu corpo recém-desperto.
As garras...
Me atrevo a, lentamente, abrir os olhos. A luz da noite os fere. Quanto tempo estivera desacordado?
Miro pequenos pontos cintilantes no céu, parcialmente encobertos pelo que parecia ser um teto tosco, e percebo vultos pequenos caminhando ao meu redor...
Lembravam anões, talvez, pela estatura... Era impossível dizer, levando em conta o fato de estarem todos cobertos, dos pés à cabeça, de trapos. Muito mais baixos que eu, ao menos, eles eram... Seu odor também era indizível... Ao me atrever a puxar o ar com mais vigor, um cheiro de suor e podridão enche minhas narinas. Contenho uma breve ânsia de vômito, levando por instinto uma das mãos à boca. Ela toca a pele do rosto, tão nua quanto os dedos...
Minha máscara!
Todo este tempo meu rosto estava descoberto!
Sento depois de um salto, cobrindo compulsivamente a face com as mãos... Os olhos correm, frenéticos, ao redor, em busca do pedaço de pano que mantinha íntegra minha honra.
"Ahhh, ele acordou..."
Mal ouço aquelas palavras, durante minha busca enérgica. Ainda em um esforço visível para esconder meu rosto, testo minhas cordas vocais contra o ar seco e fétido daquele lugar. O resultado é uma voz rouca, quase gutural.
Onde estou? Quem são vocês?
Mandhros- Senhor dos Mortos
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Re: Grupo Ômega - Cap. 1; O despertar num novo mundo
Duas esmeraldas transparecem por entre os dedos que cobrem a face. As pupilas espremem-se como fendas de um buraco negro, deixando transparecer um turbilhão de sentimentos e sensações. Pavor, medo, raiva, vergonha, curiosidade... A respiração ofegante - característica de quem acabou de despertar de um pesadelo - cadencia a fala do elfo à frente. Ele vira a cabeça e deixa seus olhos perscrutarem nosso derredor. Finalmente sou encontrado e encarado, a face encoberta pela sombra da noite, as mãos iluminadas pela fogueira. Da sombra onde se encontra meu rosto brotam círculos de fumaça branca.
"É bom vê-lo acordado, irmão..."
Inclino-me para frente e dois círculos luminosos tentam romper as sombras.
"Como você se sente?"
"É bom vê-lo acordado, irmão..."
Inclino-me para frente e dois círculos luminosos tentam romper as sombras.
"Como você se sente?"
Cyrano- Bardo de Boteco
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Re: Grupo Ômega - Cap. 1; O despertar num novo mundo
Me sento com alguma dificuldade. Talvez a desidratação e a longa caminhada no deserto tivessem, afinal, debilitado meu novo corpo mais do que eu supunha.
Rasgo um pedaço das vestes com uma das mãos, sem cerimônias, e o uso para cobrir o rosto. Era uma medida precária, mas que serviria ao seu propósito até conseguir uma máscara mais adequada.
A voz vinda das sombras, pontuada por leves baforadas e acompanhada de uma fumaça doce era minha velha conhecida. Há quanto tempo não ouvia aquele timbre?
Tayus? É você mesmo?
Era difícil de acreditar que meu velho amigo estava de volta, assim como eu...
Rasgo um pedaço das vestes com uma das mãos, sem cerimônias, e o uso para cobrir o rosto. Era uma medida precária, mas que serviria ao seu propósito até conseguir uma máscara mais adequada.
A voz vinda das sombras, pontuada por leves baforadas e acompanhada de uma fumaça doce era minha velha conhecida. Há quanto tempo não ouvia aquele timbre?
Tayus? É você mesmo?
Era difícil de acreditar que meu velho amigo estava de volta, assim como eu...
Mandhros- Senhor dos Mortos
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Re: Grupo Ômega - Cap. 1; O despertar num novo mundo
Ainda sentado, aproximo-me da luz. Antes mesmo de minha face se iluminar, Sëanor com certeza já deduzira meu sorriso.
"Sempre me disseram que eu tinha uma voz marcante. Só não sabia que ela era capaz de ficar marcada por... eras!"
Meu rosto é finalmente banhado pela luz da fogueira, revelando um sorriso largo e estampando satisfação. Os longos fios de meu cabelo amarrados em um rabo de cavalo que mesclava tons de cinza e de prata. A cor escura de minha pele parecia refletir a noite que nos abraçava, com meus olhos azuis fazendo as vezes de estrelas. Uma cicatriz descia em diagonal como um raio partindo da minha testa, cortando o olho esquerda e terminando à altura do nariz. A marca, ao contrário do que se podia imaginar, ornava de forma harmoniosa com o rosto.
"É muito bom vê-lo novamente, Sëanor Negranoite. Sei exatamente como você deve estar se sentindo. Bem vindo de volta ao mundo dos vivos..."
As baforadas são interrompidas quando retiro o velho cachimbo para uma recarga. Evito falar muito, uma vez que a passagem de volta era ainda mais confusa e enlouquecedora que a viagem de ida. Sabia exatamente do que meu velho amigo precisava. Alguns goles d'água, um pedaço de carne e uma boa noite de sono. Mexo no espeto improvisado por sobre a fogueira, analisando o estado da carne de serpente do deserto provavelmente já assada. Aproximo-me de Sëanor e ofereço o cantil com água.
"Eu particularmente prefiro vinho e um bom assado de carneiro. Mas, ultimamente, é difícil obter tais mantimentos..."
O sorriso largo diminui um pouco, demonstrando uma tristeza real. Fito meu amigo e prossigo:
"E então, Sëanor, como você se sente?"
"Sempre me disseram que eu tinha uma voz marcante. Só não sabia que ela era capaz de ficar marcada por... eras!"
Meu rosto é finalmente banhado pela luz da fogueira, revelando um sorriso largo e estampando satisfação. Os longos fios de meu cabelo amarrados em um rabo de cavalo que mesclava tons de cinza e de prata. A cor escura de minha pele parecia refletir a noite que nos abraçava, com meus olhos azuis fazendo as vezes de estrelas. Uma cicatriz descia em diagonal como um raio partindo da minha testa, cortando o olho esquerda e terminando à altura do nariz. A marca, ao contrário do que se podia imaginar, ornava de forma harmoniosa com o rosto.
"É muito bom vê-lo novamente, Sëanor Negranoite. Sei exatamente como você deve estar se sentindo. Bem vindo de volta ao mundo dos vivos..."
As baforadas são interrompidas quando retiro o velho cachimbo para uma recarga. Evito falar muito, uma vez que a passagem de volta era ainda mais confusa e enlouquecedora que a viagem de ida. Sabia exatamente do que meu velho amigo precisava. Alguns goles d'água, um pedaço de carne e uma boa noite de sono. Mexo no espeto improvisado por sobre a fogueira, analisando o estado da carne de serpente do deserto provavelmente já assada. Aproximo-me de Sëanor e ofereço o cantil com água.
"Eu particularmente prefiro vinho e um bom assado de carneiro. Mas, ultimamente, é difícil obter tais mantimentos..."
O sorriso largo diminui um pouco, demonstrando uma tristeza real. Fito meu amigo e prossigo:
"E então, Sëanor, como você se sente?"
Cyrano- Bardo de Boteco
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Re: Grupo Ômega - Cap. 1; O despertar num novo mundo
Um sorriso breve e cansado se forma sob a máscara improvisada. Era Tayus, de fato!
Em meio a tanta amargura e frente à expectativa de uma missão quase impossível, era reconfortante ter um amigo por perto.
Impossível conter um breve gemido enquanto sento, definitivamente, na maca sobre a qual estava. Meu corpo doía. Muito.
Faço um esforço visível para responder ao questionamento do elfo, enquanto tomo o cantil das mãos do bardo.
Como me sinto?... Como se tivesse sido pisoteado por uma manada de escavadores montados por anões cavaleiros...
Tomo um longo gole de água, e a sinto rasgando minha garganta seca. Tusso, e então me controlo...
E eu gostaria do sabor dos peixes da costa, meu amigo. Cof... Cof... Como você me encontrou? E como voltou? Até onde sei estávamos mortos.
O que aconteceu?
Silencio, sufocando um pouco mais de tosse, enquanto encaro o bardo com alguma gravidade. Assuntos muito importantes deveriam ser tratados, mas precisava me informar antes de qualquer coisa...
Em meio a tanta amargura e frente à expectativa de uma missão quase impossível, era reconfortante ter um amigo por perto.
Impossível conter um breve gemido enquanto sento, definitivamente, na maca sobre a qual estava. Meu corpo doía. Muito.
Faço um esforço visível para responder ao questionamento do elfo, enquanto tomo o cantil das mãos do bardo.
Como me sinto?... Como se tivesse sido pisoteado por uma manada de escavadores montados por anões cavaleiros...
Tomo um longo gole de água, e a sinto rasgando minha garganta seca. Tusso, e então me controlo...
E eu gostaria do sabor dos peixes da costa, meu amigo. Cof... Cof... Como você me encontrou? E como voltou? Até onde sei estávamos mortos.
O que aconteceu?
Silencio, sufocando um pouco mais de tosse, enquanto encaro o bardo com alguma gravidade. Assuntos muito importantes deveriam ser tratados, mas precisava me informar antes de qualquer coisa...
Mandhros- Senhor dos Mortos
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Re: Grupo Ômega - Cap. 1; O despertar num novo mundo
"pfffff..."
O ar sai por minha boca fechada, demonstrando um pouco de frustração e me dando tempo para montar, em minha cabeça, as frases a seguir. Não que já não as houvesse montada outras milhares de vezes aguardando momento como estes, ou mesmo tentando compreender melhor onde e quando estávamos, e, principalmente, por que estávamos ali. Abaixo meus olhos fitando o vazio e deixando-os sem foco, em seguida ergo a cabeça e encaro novamente meu velho amigo.
"Tal resposta não é tão trivial, velho amigo. De fato, estávamos mortos. Sinto isso em meus ossos, em minha alma imortal. Não sei como provar, nem tenho qualquer lembrança do período em que estive... morto. Mas tenho tanta certeza disso como esta areia é branca."
Remexo-me na pedra improvisada como banco, mais incomodado pelo que sondava minha mente do que pelo desconforto de meu assento.
"Lembro-me de uma vida repleta de alegrias, festas, bebedeiras, poesias, mulheres... Lembro-me de batalhas, sangue, mortes, desespero... Lembro-me de paz, amor, tranquilidade, mansidão, auto-controle... Lembro-me de raiva, rancor, ódio, vingança... Lembro-me do fim. Do meu fim. Lembro-me de acordar com a boca seca após um longo sono...
Anos? Com certeza não.
Décadas? Ainda mais.
Séculos? Sem dúvidas!
Milênios? Talvez..."
Cada frase é pontuada por um movimento referente ao fumo. Uma tragada, um inspirada, uma expirada. Meus olhos perdem novamente o foco, volto-me ao meu interior e perscruto o mais profundo de minha alma e de meu consciente.
"Caminhei por dias até encontrar um poço de água salobra, mas consumível. Foram semanas até me aproximar daqui e encontrar o que comer. Serpentes, lagartos, escorpiões... Habitantes do deserto."
Mais uma longa baforada antes de minha conclusão:
"Habitantes de um deserto que, um dia, foi Ür..."
Observo a reação de meu irmão de raça, sabendo que a sequência de informações era extensa e cansativa.
"Havia um propósito marcado em minha mente, Sëanor. Um sinal incrustado em minha alma, um símbolo emanante e reluzindo o que eu deveria fazer. Eu deveria te encontrar."
Mais uma baforada...
"Nas ruínas da civilização, de repente, como o açoite,
Caminhando sem destino, mas com um objetivo
Pra cumpri-lo necessitas da ajuda de um amigo
Sei que hás de encontrar, sob a areia, Negranoite
Eis o que sei, Sëanor. Tudo o que sei. Mas algo me diz que você sabe mais... O que tens em mente? Que poema veio marcado em seu coração quando acordastes?"
Minha pergunta era, em parte, verdadeira. Havia mais um desejo de que, de fato, aquilo tudo fosse um quebra-cabeças e que Sëanor trouxesse uma peça esclarecedora.
O ar sai por minha boca fechada, demonstrando um pouco de frustração e me dando tempo para montar, em minha cabeça, as frases a seguir. Não que já não as houvesse montada outras milhares de vezes aguardando momento como estes, ou mesmo tentando compreender melhor onde e quando estávamos, e, principalmente, por que estávamos ali. Abaixo meus olhos fitando o vazio e deixando-os sem foco, em seguida ergo a cabeça e encaro novamente meu velho amigo.
"Tal resposta não é tão trivial, velho amigo. De fato, estávamos mortos. Sinto isso em meus ossos, em minha alma imortal. Não sei como provar, nem tenho qualquer lembrança do período em que estive... morto. Mas tenho tanta certeza disso como esta areia é branca."
Remexo-me na pedra improvisada como banco, mais incomodado pelo que sondava minha mente do que pelo desconforto de meu assento.
"Lembro-me de uma vida repleta de alegrias, festas, bebedeiras, poesias, mulheres... Lembro-me de batalhas, sangue, mortes, desespero... Lembro-me de paz, amor, tranquilidade, mansidão, auto-controle... Lembro-me de raiva, rancor, ódio, vingança... Lembro-me do fim. Do meu fim. Lembro-me de acordar com a boca seca após um longo sono...
Anos? Com certeza não.
Décadas? Ainda mais.
Séculos? Sem dúvidas!
Milênios? Talvez..."
Cada frase é pontuada por um movimento referente ao fumo. Uma tragada, um inspirada, uma expirada. Meus olhos perdem novamente o foco, volto-me ao meu interior e perscruto o mais profundo de minha alma e de meu consciente.
"Caminhei por dias até encontrar um poço de água salobra, mas consumível. Foram semanas até me aproximar daqui e encontrar o que comer. Serpentes, lagartos, escorpiões... Habitantes do deserto."
Mais uma longa baforada antes de minha conclusão:
"Habitantes de um deserto que, um dia, foi Ür..."
Observo a reação de meu irmão de raça, sabendo que a sequência de informações era extensa e cansativa.
"Havia um propósito marcado em minha mente, Sëanor. Um sinal incrustado em minha alma, um símbolo emanante e reluzindo o que eu deveria fazer. Eu deveria te encontrar."
Mais uma baforada...
"Nas ruínas da civilização, de repente, como o açoite,
Caminhando sem destino, mas com um objetivo
Pra cumpri-lo necessitas da ajuda de um amigo
Sei que hás de encontrar, sob a areia, Negranoite
Eis o que sei, Sëanor. Tudo o que sei. Mas algo me diz que você sabe mais... O que tens em mente? Que poema veio marcado em seu coração quando acordastes?"
Minha pergunta era, em parte, verdadeira. Havia mais um desejo de que, de fato, aquilo tudo fosse um quebra-cabeças e que Sëanor trouxesse uma peça esclarecedora.
Cyrano- Bardo de Boteco
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Re: Grupo Ômega - Cap. 1; O despertar num novo mundo
Conforme o bardo vai falando, levo a água repetidas vezes aos lábios, afastando-a logo em seguida.
A voz do elfo era melodiosa, diferente da rouquidão que brotava da minha garganta, e mesmo seu discurso mais casual era ritmado. Tragos de ar que entravam pela traqueia e saíam com tamanha fluidez que a cena se tornava quase assustadora.
É irônico lembrar a maneira que Tayus, um elfo, lembrava os contos sobre Yaba, Deus dos Homens.
Deus dos Homens... O cansaço me turvara a mente por um instante, e meu novo corpo traía o objetivo daquela nova vida. Não me lembrava muito do que presenciara além da mortalha, mas meu objetivo estava claro na minha mente, assim como o desiderato que me narrava o bardo, entre versos.
Uma expressão de cansaço toma a parte visível do meu rosto quando a água finalmente termina. Os olhos, vívidos e anormalmente brilhantes me conferem um tom ligeiramente fantasmagórico, que apenas era mais acentuado pela meia-luz do local.
Me endireito na maca, e solto um ruído baixo em reação à dor que devorava minhas costelas. Arquejo e, por fim, falo, com gravidade.
É seguro debater aqui? Sei o que devo fazer. Sei que posso contar com você, velho amigo, mas não sei ao certo quem são essas pessoas...
Olho ao redor, e guardo silêncio.
A voz do elfo era melodiosa, diferente da rouquidão que brotava da minha garganta, e mesmo seu discurso mais casual era ritmado. Tragos de ar que entravam pela traqueia e saíam com tamanha fluidez que a cena se tornava quase assustadora.
É irônico lembrar a maneira que Tayus, um elfo, lembrava os contos sobre Yaba, Deus dos Homens.
Deus dos Homens... O cansaço me turvara a mente por um instante, e meu novo corpo traía o objetivo daquela nova vida. Não me lembrava muito do que presenciara além da mortalha, mas meu objetivo estava claro na minha mente, assim como o desiderato que me narrava o bardo, entre versos.
Uma expressão de cansaço toma a parte visível do meu rosto quando a água finalmente termina. Os olhos, vívidos e anormalmente brilhantes me conferem um tom ligeiramente fantasmagórico, que apenas era mais acentuado pela meia-luz do local.
Me endireito na maca, e solto um ruído baixo em reação à dor que devorava minhas costelas. Arquejo e, por fim, falo, com gravidade.
É seguro debater aqui? Sei o que devo fazer. Sei que posso contar com você, velho amigo, mas não sei ao certo quem são essas pessoas...
Olho ao redor, e guardo silêncio.
Mandhros- Senhor dos Mortos
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Re: Grupo Ômega - Cap. 1; O despertar num novo mundo
[OFF] Como assim? Achei que estivéssemos sozinhos... [/OFF]
Cyrano- Bardo de Boteco
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Mandhros- Senhor dos Mortos
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Re: Grupo Ômega - Cap. 1; O despertar num novo mundo
[ off]
respondido? =P
[/off]
Ao acordar os odores de pó, sujeira e aglomerados de pessoas invadem as suas narinas, sobre sua cabeça, meio teto e o céu estrelado, no pequeno cômodo que se encontra arde uma pequena fogueira e ao redor dela pequenaS figuras que o elfo não consegue dizer do que se tratam...
respondido? =P
[/off]
Drakonis- Lagarto Velho
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Re: Grupo Ômega - Cap. 1; O despertar num novo mundo
"Claro, meu irmão."
Aponto para a esquerda com o cachimbo.
"Aquele é Hakim ibn Al-Hassim, o homem que me guiou até você. Ele e seu irmão" - aponto levemente para o outro lado "Hassim ibn Al-Hassim, nos ajudarão em nossas jornadas.
Veja, Sëanor... Todos temos um chamado. Não sabemos ao certo o quê, mas creio que você é a peça faltante neste quebra-cabeças universal."
Aguardo, por fim, as explicações do elfo.
Aponto para a esquerda com o cachimbo.
"Aquele é Hakim ibn Al-Hassim, o homem que me guiou até você. Ele e seu irmão" - aponto levemente para o outro lado "Hassim ibn Al-Hassim, nos ajudarão em nossas jornadas.
Veja, Sëanor... Todos temos um chamado. Não sabemos ao certo o quê, mas creio que você é a peça faltante neste quebra-cabeças universal."
Aguardo, por fim, as explicações do elfo.
Cyrano- Bardo de Boteco
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Re: Grupo Ômega - Cap. 1; O despertar num novo mundo
Hassim e Hakim...
Percorro com os olhos o espaço da sala, observando as duas pequenas figuras e, por mais que um momento, minhas pupilas assumem um velho e conhecido aspecto fendido, reptiliano...
Por mais desconfiado que fosse - e era muito, de fato - não tinha razões para duvidar das ponderações de Tayus. Os bardos eram largamente conhecidos por suas bravatas e imprudências, mas não o que estava sentado diante de mim, degustando calmamente os vapores de seu fumo.
Forço o ar para dentro e para fora dos pulmões, em um longo e ruidoso suspiro. Era raro poder me dar ao luxo de produzir quaisquer sons, e aquilo era um indicativo de que, finalmente estava relaxado.
Apoio os pés no chão, primeiro lentamente, depois colocando um pouco mais de peso do corpo sobre as sofridas pernas e, ainda com os olhos fixos no chão, começo a falar.
Teremos muita estrada pela frente, velho amigo. A tarefa que me foi confiada é virtualmente impossível. Jamais alguém, na Antiga História, teve a coragem e o vigor de sequer cogitar tentar o que devemos fazer.
Faço uma pausa eloquente, me pondo de pé, e encarando o rosto de Tayus como se fosse capaz de enxergar através de sua face, além de seus olhos, como se fosse possível mirar sua nuca, mesmo olhando-o de frente.
Devemos nos erguer em desafio ao desejo dos Deuses. Diga: já ouviu falar nas Relíquias?
Uma vez mais silencio, como se procurasse as palavras, para então despejá-las, em uma torrente lenta, sibilante.
Me parece que o Tridente, ironicamente, está escondido em algum lugar nesse mar de areia.
Percorro com os olhos o espaço da sala, observando as duas pequenas figuras e, por mais que um momento, minhas pupilas assumem um velho e conhecido aspecto fendido, reptiliano...
Por mais desconfiado que fosse - e era muito, de fato - não tinha razões para duvidar das ponderações de Tayus. Os bardos eram largamente conhecidos por suas bravatas e imprudências, mas não o que estava sentado diante de mim, degustando calmamente os vapores de seu fumo.
Forço o ar para dentro e para fora dos pulmões, em um longo e ruidoso suspiro. Era raro poder me dar ao luxo de produzir quaisquer sons, e aquilo era um indicativo de que, finalmente estava relaxado.
Apoio os pés no chão, primeiro lentamente, depois colocando um pouco mais de peso do corpo sobre as sofridas pernas e, ainda com os olhos fixos no chão, começo a falar.
Teremos muita estrada pela frente, velho amigo. A tarefa que me foi confiada é virtualmente impossível. Jamais alguém, na Antiga História, teve a coragem e o vigor de sequer cogitar tentar o que devemos fazer.
Faço uma pausa eloquente, me pondo de pé, e encarando o rosto de Tayus como se fosse capaz de enxergar através de sua face, além de seus olhos, como se fosse possível mirar sua nuca, mesmo olhando-o de frente.
Devemos nos erguer em desafio ao desejo dos Deuses. Diga: já ouviu falar nas Relíquias?
Uma vez mais silencio, como se procurasse as palavras, para então despejá-las, em uma torrente lenta, sibilante.
Me parece que o Tridente, ironicamente, está escondido em algum lugar nesse mar de areia.
Mandhros- Senhor dos Mortos
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Re: Grupo Ômega - Cap. 1; O despertar num novo mundo
[OFF] Posto essa semana! [/OFF]
Cyrano- Bardo de Boteco
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